Stellantis quer produzir motores híbridos no Brasil e pode resgatar motor 100% a etanol
Stellantis já trabalha em soluções híbridas para nosso mercado, desde motores híbridos-leve e até mesmo é cotado um motor híbrido movido exclusivamente a etanol
A Stellantis já trabalha no desenvolvimento de uma nova
geração de motores para a América do Sul. Desde motores híbridos mais simples
até motores híbridos mais sofisticados, como um motor híbrido movido apenas a
etanol, possivelmente como um híbrido plug-in. E esses motores não tem nada de
importados. O grupo ítalo-franco-americano quer produzir em nosso mercado. A
informação foi confirmada pelo CEO da Stellantis na América do Sul, Antonio
Filosa.
"Não vamos trazer kits [de componentes] importados da
Ásia. Nosso foco é no desenvolvimento local. Vamos localizar tecnologias
[elétricas] em combinação com o etanol", destaca Filosa ao Automotive Business. Desde 2022 começou a surgir as primeiras informações sobre o
desenvolvimento de novos motores híbridos para nosso mercado, a fim de estar de
acordo com o Proconve L8. A revista Quatro Rodas e o Autos Segredos confirmaram ainda que a Stellantis
voltou a trabalhar no projeto de um híbrido movido a etanol.
Chamado de E4, ele era focado em alta eficiência energética
na queima do combustível vegetal. Esse motor estava na prancheta quando o grupo
estava trabalhando nos novos motores da linha Firefly, que traz T270 e T200. A
revista confirmou que o novo motor será Turbo, com injeção direta de
combustível e virá com melhorias termodinâmicas pensadas para queimar apenas etanol.
Esse motor será o primeiro passo para reduzir as emissões de poluentes, podendo
ser o motor híbrido menos agressivo ao meio ambiente.
Com um projeto chamado de BioElectro, a Stellantis quer eletrificar todas as suas marcas que produzem no país: Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e RAM. A aposta inicial deve ser o etanol como combustível principal para motores a combustão indo até um motor de células de combustível para gerar energia para motores elétricos, em um caso mais sofisticado. “Do plantio [da cana-de-açúcar] até o uso [como etanol], as emissões de CO2 de um carro a etanol são equivalentes às de um carro elétrico que roda na Europa. Podemos falar que o Brasil tem hoje, por equivalência, a maior frota elétrica do mundo.”, disse Filosa.
“Quando se fala em tecnologia, vamos localizar a tecnologia do etanol e componentes de eletrificação, da mais leve a mais pesada. Tudo com desenvolvimento local”, adiciona. Na Europa, a linha GSE (Firefly) já possui opções de motores híbridos que podem ser trazidos ao nosso mercado. Há três opções de motor. O primeiro deles é o 1.0 12v Firefly a gasolina que desenvolve 70cv de potência e 9,4kgfm, acoplado com o sistema BSG que não só religa o motor quando ele para mas também move nos primeiros quilômetros. Ele possui um câmbio manual de 6 marchas.
Com 5cv, o sistema 48V consegue mover o carro em velocidades de até 30km/h e usa bateria de 0,13kW. A hibridação suave permitiu reduzir o consumo em 29% e as emissões de CO2 em 24%. Outra opção é o 1.5 16v Turbo que desenvolve 132cv e 24,5kgfm de torque junto de um câmbio automatizado de dupla embreagem de 7 marchas junto de um motor elétrico leve de 48V que desenvolve 20,2cv e 5,7kgfm de torque. O motor 1.5 usa ciclo Miller que tem taxa de compressão de 12,5:1, que a Stellantis disse que o motor foi “projetado para ser o melhor para uso híbrido”. O motor elétrico é acionado por correia e ajuda a economizar em até 15%.
A terceira opção já é oferecida aqui, com o 4xe do Jeep Compass. Este, alia o 1.3 Firefly Turbo com um motor elétrico no eixo traseiro, que sendo mais potente, entrega a potência combinada de 240cv junto a um câmbio automático de 6 marchas. Ele possui tração integral e-AWD sem conexão entre os dois motores. De acordo com a Jeep, ele conta com uma bateria no eixo traseiro, de 11,4kWh, que deve ser carregada apenas na tomada, usando o easyWallbox ou o Connected Wallbox mais avançado, ou de um ponto de cobrança público.
Enquanto o motor 1.3 desenvolve 180cv de potência e 27,6kgfm de torque, o motor elétrico entrega 60cv de potência e 25,5kgfm de torque, instalado no eixo traseiro. Aqui, o E4 (motor a etanol que foi descartado), seria uma variante do motor 1.3 16v GSE Firefly Turbo Flex, que desenvolve 185/180cv e 27,5kgfm de torque, com câmbio automático de 6 marchas. Esse motor E4 desenvolveria, então, 185cv e 27,5kgfm rodando apenas com etanol. Este E4 voltou para o laboratório, podendo até mesmo ter uma variante do motor 1.0 T200. O objetivo é fazer com que ele seja o primeiro motor etanol eficiente, rendendo o mesmo que um motor a gasolina em termos de consumo.
“As primeiras tecnologias serão geradas em Betim (MG) até fim deste ano e lançadas oportunamente; não posso detalhar por conta do período de silêncio. Vamos atualizar as atuais. Envolve sinergias técnicas com fornecedores de negócios que saíram da Índia e vieram para o Brasil; sinergia fabril e de fornecedores para gerar mais escala e ainda as sinergias ocultas. Vamos aprofundar em motores, transmissões e plataformas”, disse Filosa para a revista Autoesporte, ou seja, teremos um motor híbrido apresentado ainda em 2023.
“Quando se fala em tecnologia, vamos localizar a tecnologia do etanol e componentes de eletrificação, da mais leve a mais pesada. Tudo com desenvolvimento local. Leva entre 18 e 24 meses para desenvolver um carro novo. […] As primeiras criações serão apresentadas no fim deste ano e os lançamentos virão nos próximos anos”, adicionou o executivo. Mais detalhes devem surgir nos próximos meses.
Fotos: Stellantis, Fiat e Jeep / divulgação
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