BYD assume o controle da ex-fábrica da Ford em Camaçari (BA) com investimento de R$ 3 bilhões
BYD assume de vez a fábrica de Camaçari (BA) após o Governo da Bahia recomprar terreno da Ford, que abriu espaço para a chinesa iniciar obras
A BYD assumiu o posto deixado pela Ford na fábrica de
Camaçari, na Bahia. Por lá, a produção de automóveis foi interrompida em 11 de
janeiro de 2021, quando a marca norte-americana anunciou a interrupção da
produção de veículos em nosso mercado, quando a marca deu início ao seu
processo de recuperação. Agora, a BYD chega para assumir a unidade fabril e
promete um investimento de R$ 3 bilhões na fábrica para a produção de
automóveis, caminhões e ônibus em solo nacional.
Para o anúncio da fábrica, um evento foi realizado com a
presença do Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, da Vice-Presidente Global
da BYD, Stella Li, além de Tyler Li, Presidente da BYD no Brasil. De acordo com
a BYD, o investimento na fábrica prevê a produção de três linhas de produção,
para produzir não só automóveis, mas também caminhões e ônibus, além de uma
parte da fábrica ser a responsável por processar células de lítio e
ferro-fosfato. Num primeiro momento, a fábrica deve funcionar com uma
capacidade de produzir 150.000 unidades ao ano, mas pode chegar a 300.000
unidades ao ano.
Esse volume de produção deve ajudar a marca a chegar a outros mercados, como nossos vizinhos na América do Sul. As três fábricas serão capazes de gerar cerca de 5.000 empregos. “Este é um momento de extrema importância para a BYD nas Américas”, afirma Stella Li, CEO da BYD Américas. “As novas fábricas no Brasil vão permitir a introdução e aceleração da eletromobilidade no país, um movimento-chave para combater as mudanças climáticas e, de fato, melhorar a qualidade de vida das pessoas. Estamos muito felizes com a recepção do governo da Bahia e com essa comemoração do anúncio de nossa nova fábrica de veículos elétricos no Brasil. Traremos inovação e alta tecnologia para o país”, destacou Stella Li.
Há ainda outros assuntos que precisam ser levados em conta, como a chegada de fornecedores de diversos tipos para a criação de um parque industrial na região, trabalhando em áreas de peças, técnicos e serviços. “A produção nacional vai permitir preços mais competitivos e a possibilidade de um povo apaixonado por carros ter acesso a um sonho de consumo da era moderna: um elétrico na garagem”, afirma a BYD em nota. O evento de confirmação da fábrica baiana ainda contou com presença de grupos culturais como o grupo Afrocidade, bloco Ilê Aiyê e a Banda Didá.
O Olodum também participou da festa. O primeiro passo no momento será a contratação de funcionários para a readequação da fábrica para a produção de veículos eletrificados. “A contribuição social será significativa. Queremos contratar mão de obra local este ano, para que já comecem a receber todo o treinamento e transferência de conhecimento necessários. Temos o compromisso de contribuir e gerar valor para os brasileiros”, afirmou o presidente da BYD Brasil, Tyler Li. A marca ainda não confirmou quais modelos serão produzidos na Bahia. Mas, o evento contou com presença de toda a linha da marca como o Dolphin, Song Plus, Yuan Plus, D1, Han, Tan e eT3.
A marca não comenta, mas muito provavelmente os modelos a serem produzidos sejam os mais vendidos, como é o caso de Song Plus e Dolphin – no entanto, nada definido. O Governo da Bahia já confirmou que a BYD terá incentivos fiscais garantidos até 31 de dezembro de 2032 e o governo estadual pode conceder isenção de IPVA para veículos elétricos da marca que custem até R$ 300.000 e que serão produzidos na fábrica. “Os incentivos são de duas frentes, uma para a indústria, para garantir os estímulos para a produção. Na Bahia, temos uma lei que garante a redução do ICMS. E a BYD nos pediu a redução do IPVA. Nós estamos aqui garantindo: os carros elétricos produzidos na Bahia, que rodarem aqui na Bahia, com valores até R$ 300 mil, serão isentos de IPVA no Estado”, disse Rodrigues.
As conversas entre a Bahia e a BYD começaram ainda em 2022. Na época, a chinesa assinou um protocolo de intenções entre a BYD e o Governo do Estado. Mas... e a Ford? No evento do anúncio da fábrica em Camaçari, foi confirmado que ainda existia conversas com a Ford e que o entendimento entre as duas empresas ainda estava em curso. Tanto que, na época, o Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, confirmou: “Acompanharemos as negociações e faremos o que for preciso para resolver essa transação em uma situação de ganho para as duas empresas. Também nos colocamos à disposição da BYD, caso as conversas não avancem, para encontrar outro local para a instalação da fábrica, porque a sua CEO já garantiu a construção na Bahia”, disse.
A Ford reverteu a fábrica para o Governo da Bahia, porque o estado da fábrica surgiu após um acordo firmado entre o governo e a norte-americana no início dos anos 2000 que tratava do fornecimento do terreno e das instalações prediais por parte do governo da Bahia. A Ford, na época, teria apenas que equipar o espaço com as linhas de produção. Em comunicado, a Ford destacou que o processo de reversão da fábrica “prevê posterior indenização para a empresa em valores compatíveis com o mercado”, por conta das melhorias que a marca fez ao longo dos anos.
"A Ford e Governo do Estado da Bahia celebraram um acordo para reversão da propriedade da fábrica de Camaçari para o Estado da Bahia. Esse processo seguirá a legislação vigente, que prevê posterior indenização para a empresa em valores compatíveis com o mercado. O acordo tem a finalidade de simplificar e agilizar o processo de transição de propriedade da fábrica, contribuindo para geração de valor ao Estado e à comunidade baiana", adiciona a Ford em seu comunicado. Valores da negociação não foram revelados por nenhuma das duas partes. Esse é o fim de uma novela que prejudicou muito vários setores da fábrica de Camaçari após a unidade fabril ser fechada. E, felizmente, a fábrica continuará a produzir automóveis.
Fotos: BYD / divulgação | Governo da Bahia via Secom / divulgação
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