BMW confirma que vai apostar no design polêmico e que isso "é um plano" da marca
Design excêntrico dos novos carros da BMW é proposital, disse o presidente da BMW, Oliver Zipse; e ele avisa que esse é apenas o começo
Nos últimos anos, se tem discutido e criticado bastante o
trabalho da BMW em termos de design. A marca alemã começou a criar repercussão
a partir do lançamento do Série 4, mas ganhou novas proporções a partir do novo
Série 7 e do XM. E curiosamente essa mudança visual não acontece com todos
carros da marca, como é visto com a nova geração do X1, que tem linhas bem
resolvidas, apesar da grade ter crescido em relação à geração anterior. Em
entrevista, foi confirmado que esse design é proposital.
E isso explica muita coisa. A marca parece estar escolhendo
carros aleatoriamente (ou o contrário, justamente escolhido a dedo) para ter um
design polêmico. Em entrevista ao CarSales, Oliver Zipse, CEO da BMW, disse que
esse design é proposital: “Claro que é um plano, caso contrário, não o faríamos.
Se você quiser mudar o design, qualquer passo para o futuro que seja percebido
como novo será automaticamente controverso. Esse é o truque: ter controvérsia e
o resultado é 'eu quero ter' e 'eu gosto', e claro que é um plano.”, disse
Zipse.
A marca tem abusado principalmente no design da grade
dianteira de alguns carros, que tem se tornado um assunto de discussão entre os
fãs da marca, consumidores e até mesmo quem quer apenas opinar. A grade do novo
Série 7/i7, por exemplo, é realmente muito grande. O mesmo acontece com o novo
Série 4 e as versões M4 – entra aqui, inclusive, o M3. Já o XM vem chamando a
atenção por conta do design que é totalmente ‘fora da caixa’ para um BMW –
mesmo sendo um esportivo.
Na entrevista ao site australiano, Zipse lembrou que essa
estranheza acontece de tempos em tempos. Isso porque o Série 7 da geração E65/E68
foi um baque em termos visuais em relação ao sedã anterior, da geração E38. “Quero
polêmica. Se não houver controvérsia [no processo inicial de design], já sei
que é muito fácil. No projeto inicial, se você não tem controvérsia, esse é o
erro que você comete. A partir da controvérsia, você obtém engajamento. Você
faz as pessoas pensarem sobre isso e pensarem em alternativas.”, destacou.
Isso pode até mesmo ser uma cutucada no design de suas maiores arquirrivais, Audi e Mercedes-Benz, que são muito tradicionais nas suas linhas e que deixam carros do mesmo segmento com poucas diferenças visuais de um modo geral. “Nós dirigimos esta manhã por Palm Springs. E se você olhar para todos os outros carros, eles são todos parecidos. Eles são aerodinamicamente simplificados, não há mais carros feios. Eles não são ótimos, mas também não são carros feios. Eles são muito parecidos.”, destacou o executivo.
“Se você deseja ter um design moderno e voltado para o futuro, automaticamente receberá polêmica e é claro que queremos isso. Isso não significa que as pessoas não vão comprar e é claro que queremos iniciar uma discussão sobre 'o que eles estão fazendo aqui?'”, acrescenta. Recentemente a marca falou sobre o design do XM, onde potenciais clientes gostaram do design do SUV desenvolvido pela M Sport e foi justamente isso que o executivo apontou na entrevista.
“Vemos muito disso com o XM. Há muitas discussões aqui, mas quase todo mundo adora. Claro, algumas pessoas pensam que você é maluco. A BMW sempre construiu essa limusine esportiva nos seis ciclos anteriores. Aí você pergunta ao cliente e ele diz que é um ótimo carro, mas só para o motorista. Depois de seis gerações, é isso que você ainda quer ouvir? Você quer estar naquele segmento de luxo e sempre comete o mesmo erro de novo? Houve controvérsia dentro da BMW e, depois que tomamos essa decisão, a controvérsia acabou.”, destacou Zipse.
“Quando um carro chega à estrada, é o fim de um processo muito longo. É o começo para vocês, mas é o fim para nós. Começamos com esboços de design muitos, muitos anos antes, e a decisão de qual design seguir é muitos anos antes. Especialmente, o i7 é muito incomum para a BMW. Pode-se dizer que é muito grande: é 5 centímetros mais largo, 6 centímetros mais alto e apenas na versão longa, com uma grande grade em forma de rim. Nunca será um carro de mercado de massa. Será apenas uma super minoria de pessoas que se sentarão naquele carro. A maioria das pessoas nunca se sentará naquele carro”, argumenta.
“Deve ser atraente apenas para os clientes que estão nesse segmento, e não para qualquer outra pessoa. Não acreditamos e nunca acreditamos que o sistema de transmissão deva ditar a aparência de um carro porque não depende do sistema de transmissão. [O design] depende do gosto do cliente, do comportamento do cliente, das funções que ele gostaria de ter e isso é o mais importante. Um trem de força é necessário e importante, mas não é a coisa mais importante quando você cria um carro. São as necessidades do cliente, principalmente nesse segmento [de luxo]”, finaliza.
Fotos: BMW / divulgação
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