GTN #7: a eletrificação e o mercado brasileiro. O que esperar para o futuro breve?


A gente percorreu os trinta anos dos carros importados com muitas mudanças e tecnologias. Mas o que o futuro preserva? Na verdade, o carro como conhecemos deve passar por um grande processo de renovação. Em alguns anos, vários países já confirmaram que não devem mais permitir a venda de carros a combustão, permitindo apenas modelos elétricos. A Noruega é um desses exemplos mais avançados que temos. Mas não é só na força motriz que isso deve mudar. A gente comentou sobre a condução autônoma e tecnologias de conectividade, mobilidade e outros recursos que devemos ver nos próximos anos. Mas como isso fica no Brasil? Antes de partirmos para a realidade do nosso mercado, é bom entendermos como isso deve acontecer no mundo.



Enquanto híbridos (de todos os tipos), elétricos e carros movidos a células de combustível de hidrogênio são uma tendência, de acordo com cada país, toda a América Latina parece muito lerda quanto a eletrificação. Apenas o México desponta como líder com a produção do Ford Mustang Mach-E, sendo o país responsável pela produção e exportação do crossover elétrico para todo o mundo. Aqui no Brasil, no entanto, estamos atrasados. Muito atrasados. Em relação, muito por conta do Rota 2030, destaque do nosso episódio anterior, o EP06, que você encontra aqui: “GTN #6: na rota de melhorar o passado. Mas só isso seria o suficiente?”.

 

 

Bom, no Brasil e assim como na maioria dos mercados emergentes, excluindo a China dessa narrativa pelo país ser o mercado líder de carros elétricos, devemos passar ainda por um processo de eletrificação. Sim, devemos, mas com os carros híbridos. E quantos híbridos temos sendo produzidos no Brasil? Dois. Sim, dois. Toyota Corolla e Toyota Corolla Cross. Apenas dois carros num horizonte de mais de 200 ofertas no país, entre nacionais e importados. Entre importados, claro, essa lista aumenta bastante (todos os modelos da Volvo, por exemplo), mas no Brasil são apenas a dupla da Toyota. Pouco, não? E se já percebe o grande atraso do nosso mercado. Mesmo assim, o Brasil deve receber uma enxurrada de novidades de carros elétricos até o final do ano que vem. Pelos nossos cálculos, são dezoito modelos que devem ser lançados por aqui. São oito modelos inéditos, duas reestilizações e oito modelos elétricos de carros que já conhecemos. Você confere os modelos que serão lançados por aqui no nosso post do Facebook, abaixo.

 

 

Além desses modelos, o Brasil já se pode dizer um potencial consumidor de elétricos, mas principalmente de eletrificados. Ano passado, quase 19 mil híbridos foram vendidos no Brasil e esse número deve aumentar ainda mais em 2021. Por aqui, espera-se que mais de 25 mil híbridos sejam vendidos neste ano, graças ao lançamento do Toyota Corolla Cross e da linha Volvo, que passou a ser puramente de modelos híbridos. Os híbridos devem ser a realidade mais próxima da nossa eletrificação. Presentes na indústria desde meados de 1997, os híbridos começaram a chegar ao Brasil apenas em 2010, com Mercedes-Benz Classe S 400 Hybrid e o Ford Fusion Hybrid, ambos os modelos que chegaram naquele ano. No futuro próximo, deveremos ver outras alternativas do nosso mercado, como o motor e-Power da Nissan, que deve ser usado em versões topo de linha do Kicks e que pode ser produzido em Resende (RJ) – o que aumentaria a quantidade de carros híbridos no nosso mercado e abre as oportunidades da Nissan passar a produzir outros carros com esse tipo de motor. A Nissan inclusive já confirmou que trabalha para fazer o sistema e-Power usar um motor a Etanol e não a Gasolina como no restante do mundo. Para os nossos carros mais acessíveis, a solução possa ser aliar os motores de três cilindros juntos a um sistema híbrido-leve de 48V. Isso não deve alterar muito no preço dos carros e é uma tecnologia usada na Europa, por exemplo. Nesse caso, a Fiat vende 500 e Panda com o motor 1.0 6v Firefly que conhecemos junto a um pequeno conjunto Mild-Hybrid. Isso já diminui o consumo de combustível e as emissões de poluentes, podendo ser uma opção interessante para o Brasil e os mercados vizinhos. Não apenas a Fiat, mas Renault, Volkswagen, Ford, Hyundai, Kia e outras marcas também apostam nessa tecnologia. Pode ser mais uma solução frente aos híbridos e híbridos plug-in que já temos no Brasil, como os híbridos da Toyota – mas sem uma previsão de produção nacional de um híbrido plug-in.

 

 

Como é possível ver, a venda de carros elétricos no Brasil já cresceu 70% em 2020 em relação à 2019 e já no primeiro bimestre de 2021, as vendas já são de 262 unidades. Na nossa publicação no Instagram, se mantiver esse ritmo, as vendas em relação ao ano passado devem crescer cerca de 100%, ou seja, dobrar o volume de vendas. Além da motorização, teremos outros recursos que veremos nos carros, muitos ligados a conectividade e inteligência artificial. Aí entra a condução autônoma. No Brasil, no entanto, a tecnologia deve demorar mais para acontecer. Isso porque aqui, de acordo com o Código Nacional de Trânsito (Contran), proíbe que um carro possa rodar sozinho no país. Bom, pelo menos por enquanto. O Rota 2030 prevê que, até 2030, o Brasil deve passar por uma regulamentação da tecnologia, mas ainda sem uma data para isso acontecer. Além de recursos de tecnologia, dentro de alguns anos o Brasil deve receber mais marcas. Algumas devem voltar depois de saírem no período do Inovar-Auto e de crise, que vivemos entre 2012 a 2017. Por aqui, devemos perceber algumas marcas que parecem estar no radar para nosso país, como você confere na thread abaixo, publicada no nosso perfil do Twitter.

 

 

Com isso, é difícil de imaginar o mercado brasileiro migrando puramente para os carros elétricos. Eles devem tomar uma boa parte do mercado nos próximos anos, claro, especialmente os carros importados – que devem, mais uma vez, fazer a frente. Aqui, deverá ser mais barato apostar em carros híbridos, das mais variadas opções. Desde o Mild-Hybrid, Hybrid e Hybrid Plug-in, o nosso mercado ainda deve ter os elétricos com gerador, que também podem ser uma alternativa a um país com uma estrutura para os elétricos que ainda é pequena e insuficiente para abastecer uma frota de milhões de carros. Essas medidas devem ser tomadas de acordo com cada marca, visto que, se esperar pelo Brasil e pelo andar da carruagem que estamos vendo, não veremos uma definição quanto a isso por alguns (bons) anos. Aliás, 2022 tem eleições e devemos observar os candidatos para presidência e governadores com mais atenção. Quem conseguir pender principalmente para dar apoio a eletrificação ou ao menos dar uma atenção para a nossa indústria já terá alguns pontos à frente com entusiastas automotivos. Mas só isso não decide eleição. No aguardo.

 



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