Retrômobilismo#52: O início da Fiat começou com aquele que foi considerado "caixinha de fósforo", mas que trouxe muitas tecnologias, eis o 147!


O Fiat 147 é o primeiro carro do Retrômobilismo que possui as melhores fotos com melhor estado de conservação. Pode observar que as fotos estão bonitas. Além disso, esse Retrômobilismo marca o início da Fiat no Brasil com um carro muito tecnológico para seu tempo mas pegou fama de problemático por causa de uma rival que viu o potencial do carrinho da Fiat. Lançado em 9 de Julho de 1976 o pequeno 147 era baseado no Fiat 127 que foi vendido na Europa, lançado em 1971. Para a apresentação do 147 à imprensa, a fábrica escolheu o percurso entre Belo Horizonte e Ouro Preto, ida e volta, certamente uma maneira de marcar bem sua naturalidade. Desde lá, a fábrica de Betim (MG) já era Betim. Foi a primeira fábrica da Fiat no Brasil e na América Latina que fabricava o 147 que sacudiu o mercado. Testado por mais de 1.000.000km o 147 tinha tudo para dar certo e deu tudo que a marca italiana esperava. Fazer o mesmo sucesso do modelo na Itália. Sua apresentação foi no Salão do Automóvel de 1976. Logo recebeu críticas por parte dos rivais por ser pequeno demais, aparentava fragilidade e era muito estridente o som que saía do escapamento.


Logo caiu no gosto do consumidor por ser ágil nos grandes centros urbanos. Na década de 80 chegou a superar as vendas do Volkswagen Fusca, o "rei" do mercado naquela época. Tinha como predicados, a boa estabilidade e elasticidade do motor. Tinha 3,63 metros de comprimento e pesava 800kg e entre eixos de 2,22 metros. O motor de quatro cilindros e apenas 1048,8cm3 era colocado transversalmente, o primeiro carro nacional com esta disposição e tinha 57cv brutos (e 50cv líquidos) a 5.800rpm. Tinha velocidade máxima de 135km/h e era bem econômico. Assim como o Volkswagen Passat de 1974, o Fiat 147 também tinha motor refrigerado a água, com cabeçote de alumínio acionado por correia dentada, que não tinha muita durabilidade e virou dor de cabeça para os proprietários. Nos motores de taxa de compressão maior adotados mais adiante, ao se romper chegava a danificar válvulas e exigir retífica do cabeçote, um problema nunca foi sanado por completo, atormentando até hoje donos de Uno e Palio, por exemplo. Seu visual era moderno e trazia o que era de mais moderno na Europa, bem diferente do Volkswagen Fusca com linhas datadas da década de 30. Tinha painel simples com material macio e antirreflexivo e levava 4 pessoas com certo conforto.


Em 1977 chegava as versões L, GL e Furgoneta, que não tinha os dois vidros laterais traseiros, vigia e nem o banco de trás, servindo como um "mini-furgão" como o Mille Furgão era, destinada a frotistas. Tinha para-brisa laminado que não se estilhaçava ao quebrar e apoios de cabeça dianteiros na versão GL. Ainda em 1977 chegava a versão Rallye que como diferencial o seu motor 1.3 que era desenvolvido a partir do 1.05 (mediante aumento do curso dos pistões), produzia 61cv brutos a 5.400rpm. No exterior tinha faixas pretas laterais, spoiler, faróis auxiliares e tomada de ar para a pequena grade sobre o capô, com rodas que se destacavam pelo desenho esportivo. Além disso o Rallye trazia cintos de 3 pontos na dianteira, algo ainda inédito em seu segmento na época, bancos reclináveis, de encosto alto e gomos horizontais. No painel havia conta-giros, voltímetro e manômetro de óleo. Em 1979 chegava a versão a álcool, o primeiro carro com esse tipo de combustível a ser lançado no Brasil, com motor 1.3 que rendia 60cv brutos e 56cv líquidos. Em 1980 ganhava sua primeira reestilização.


Trazia como novidades o capô mais inclinado, faróis que passavam a ser retangulares e a grade ganhava uma leve inclinação, luzes de direção estavam agora nas extremidades, junto das lanternas, por isso metade era na cor âmbar e metade incolor, pára-choques eram de plástico polipropileno e podiam vir em cinza ou preto, conforme a opção de acabamento. As versões era L, GL, GLS e Rallye. A versão Furgoneta se mantinha em linha, mas com a frente do modelo antigo. Os motor eram os mesmos 1.050 (1.1) somente a gasolina e 1.3 a gasolina ou a álcool. A versão GL trazia ainda o apoio de cabeça dianteiro e a versão GLS oferecia para todos os ocupantes. A versão GLS ainda tinha interior aveludado e trazia volante de dois raios. Tinha painel bem completo e trazia conta-giros, indicador de temperatura de água, manômetro de óleo e relógio a quartzo. Nos mimos, o 147 GLS trazia interior acarpetado com vidro traseiro térmico e verdes, além de servo-freio. Já a topo de linha Rallye trazia novas faixas, tomada de ar sobre o capô, pára-choques pretos, spoiler dianteiro de mesma cor, faróis auxiliares e o pára-brisa era laminado com faixa degradê e rodas esportivas. Em 1980 trazia tanque de combustível que aumentava de 43 para 53 litros, pois os postos fechavam nos finais de semana com a crise do petróleo.


Em 1983 o 147 ganhava as versões Top (trazia ignição eletrônica, volante e painel diferenciados e ia de 0 à 100km/h em 16 segundos com velocidade máxima de 150km/h. Poderia ser equipado com teto solar) e Racing (não trazia mais faixas no exterior, mas tinha logotipo vermelho indicando a versão e avisava que se tratava de uma versão mais nervosa), que substituíam as versão GLS e Rallye e o câmbio ganhava troca dos sincronizadores da primeira e segunda marchas, apenas para as versões com motor 1.3, para aliviar o esforço nos engates do câmbio, o principal problema do 147 do início ao fim de sua carreira. No lugar dos sincronizadores tipo Porsche, com freio de aço, passaram a ser usados os Borg-Warner, com anéis de bronze, já empregados na terceira e na quarta e também era adotado novo trambulador. Para reduzir ainda mais o consumo, o 147 trazia a válvula Thermac (envio de ar aquecido pelo coletor de escapamento para o filtro de ar e daí para o motor) e o sistema cut-off (cortava a alimentação de combustível em desacelerações, como nos atuais sistemas de injeção eletrônica). Em 1983 chegava a última mudança de visual do 147, que passaria a ser chamado de 147 Spazio, uma versão mais atual e moderna do 147.


Trazia faróis maiores, novas lanternas, vidro traseiro maior, largas molduras de poliuretano e repetidores de luzes de direção nos pára-lamas. Na parte mecânica ele vinha apenas com motor 1.3 com câmbio manual agora de 5 velocidades. Tinha a versão esportiva TR que trazia spoilers traseiros e faróis auxiliares. Entre as novidades do Spazio, estava no pedal de embreagem com folga zero, que passou a dispensar o reajuste periódico da folga. Com a chegada do Uno em 1984, a Fiat deu o último retoque visual no visual e adotava o mesmo visual de todos 147, a frente do 147 Spazio, mas conservando os pára-choques mais estreitos, o que não contribuiu para sua sobrevida do hatch italiano. Era uma época de crescimento econômico, em que um carro bem mais caro (o Chevrolet Monza assumia a ponta do nosso mercado entre 1984 à 1986) estava a frente dos demais veículos a venda no Brasil, mostrando que o "velho" 147 estava cansado.


Foi assim que em 1986 a Fiat encerrava a produção do 147 após 755.215 unidades comercializadas em nosso mercado em 10 anos, mostrando que o primeiro carro da Fiat fez sim muito sucesso, mas os primeiros anos da década de 80, em especial 1984 em diante, foram cruciais para o fim do 147, que ficou marcado por ser o primeiro carro a álcool, o primeiro com motor transversal, o primeiro a ter um picape e um furgão derivados, deixando grandiosas marcas na nossa indústria. Os problemas com o câmbio riscaram sua imagem no Brasil, o que acabou pegando a fama de "carro problema", pois naquela época, carro deveria ser durável e resistente, como a história do Fusca, mas que nunca impediram a Fiat de ser sucesso de vendas. Tanto que hoje ela é líder no nosso mercado. Assim, o 147 passou a missão para o Uno e em 1996 passou a missão para o Palio que por sua vez reina até hoje. É até bom falar em problema. Isso me lembra uma situação curiosa. Quando chegou ao Brasil, em 1976, a Volkswagen com medo de perder clientes, comprou boas unidades do Fiat 147 e deu para seus funcionários deixarem a frente de suas casas com o capô aberto, dando a alusão que ele seria um carro problemático. Marketing já era essencial desde aquela época e desde então, Fiat e Volkswagen duelam até hoje.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Chery lança condições de financiamento no Brasil com Tiggo 5X, Tiggo 7 e Tiggo 8

Chevrolet Onix, Prisma e Celta perdem a cor Cinza Mond em seu catálogo de cores!

Curiosidades: Quantos BTUs possui o ar-condicionado de um carro?

Novo TR4? Mitsubishi quer desenvolver Pajero subcompacto para brigar com Suzuki Jimny

Mitsubishi Outlander Sport sai de linha em definitivo por não conseguir atender ao PL7

BYD lança condições especiais com financiamento com taxa zero até o dia 30/09

Curiosidades: Você sabe a diferença entre Hatchback, Fastback e Notchback?

Curiosidades: Os carros mais vendidos do Brasil em 2001!

Hyundai Veloster tem preços a partir de R$68.700, e já tem seu comercial nas Tv's

Hyundai convoca recall para HB20, HB20S e Creta por falha em módulo de bomba de óleo