Lamborghini confirma que Lanzador Concept antecipa o novo tipo de esportivo e tecnologias
Lamborghini revela mais detalhes do seu modelo elétrico, que já está em desenvolvimento, e não contará com sistema de som artificial; modelo chega em 2028
A Lamborghini confirmou que já trabalha em seu primeiro
modelo elétrico. Após revelar o Lanzador Concept no Monterey Car Week de 2023,
a marca italiana começou o desenvolvimento interno do modelo. Previsto para ser
lançado em algum momento de 2028, o Lanzador Concept é um carro que foge
basicamente de (quase) tudo da Lamborghini atual. Com exceção do design, que é
muito próximo, a proposta é diferente. E, de acordo com o Diretor Técnico da marca,
o modelo não será feito para os atuais consumidores da marca.
Em entrevista ao Road & Track, Rouven Mohr, Diretor
Técnico da Lamborghini, disse que o Lanzador Concept é um misto de crossover
com grand tourer. "Muitas pessoas esperavam [um grand tourer mais
tradicional], com certeza. Todos tinham em mente uma interpretação mais
clássica do GT. O que obtivemos, porém, estava longe disso: uma espécie de
crossover tipo cupê, com duas portas e quatro assentos, além de altura elevada
e bastante espaço para bagagem. Queremos atingir um novo estilo e também um
novo público com este carro. Não estamos tão voltados para o passado a ponto de
dizer: 'Ok, agora faremos outro GT clássico como todos os outros já
fizeram.'", disse Mohr.
O executivo ainda confirmou que nenhum cliente da marca atualmente
pediu por um modelo assim. Mas a italiana acredita que é um mercado em expansão
que pode ser olhado de uma forma mais atenciosa. "É um pouco corajoso da
nossa parte dizer: 'Ok, acreditamos nisso', 'E nós fazemos'. Por exemplo, o
Huracán Sterrato. Ninguém estava pedindo por esse tipo de carro. No começo,
todo mundo dizia: 'Ah, qual é? Que merda. O que você faz com isso?' Agora, as
pessoas, especialmente aquelas que já experimentaram o estilo de dirigir,
adoram.", adiciona.
O desenvolvimento de um elétrico para uma marca com foco em veículos esportivos com motor a combustão está relacionado com o futuro e também com experiência, desde a criação de um modelo assim como também em tecnologia, como software. "Para ser sincero, este é um dos nossos objetivos de desenvolvimento mais importantes: redefinir o comportamento elétrico de um Lamborghini. As pessoas esperam que um Lamborghini seja um pouco mais rude, um pouco mais, digamos, não tão suave, e assim por diante. Como muitos carros elétricos têm esse desempenho, esse não é o diferencial. No momento, estamos redefinindo exatamente esse comportamento e há muitas ideias.", disse ao site.
A empresa confirmou em comunicado que o Lanzador será um veículo com muito uso de software, como distribuição e vetorização de torque. "Pela primeira vez, podemos implementar funções que nem sequer seriam imagináveis em um carro a combustão. Por exemplo, já estamos trabalhando na vetorização de torque que — com os paddle-shifts de troca de marchas, durante a condução — permite influenciar a vetorização de torque. E esse é apenas um dos recursos. Temos muitos deles. Acredito firmemente que esses tipos de recursos tornam a direção elétrica interessante”, diz.
“Não o fato de você estar de zero a 100km/h, em um 1,7, 1,8 ou 2,1, porque não é possível perceber a diferença. Estamos trabalhando especialmente no foco. Qual é a versão mais emocional da direção elétrica? E isso tem que ser um Lamborghini.", concluiu Mohr em entrevista. E justamente sobre este tema, de software, é que surgem informações de que a marca pode desenvolver novas tecnologias, o que também é importante. O sistema de vetorização de torque, por exemplo, pode ser usado como ajustes em tempo real, com os paddle-shifts atrás do volante como uma opção de fácil manuseio.
Mohr ainda concedeu uma outra entrevista, desta vez ao site The Drive, justamente falando sobre essa possibilidade. "Com a vetorização elétrica de torque e o controle de velocidade das rodas, você tem maiores possibilidades de dirigibilidade, pois não terá o atraso de tempo do sistema de transmissão a combustão. Agora podemos fazer com que ele faça o que queremos imediatamente.", disse. Essa tecnologia pode trazer uma nova experiência de dirigir, ajudando a distribuir a potência de forma mais eficaz. “Em um dos modos de condução, você pode modificar com as borboletas a vetorização de torque da traseira em tempo real”, disse Mohr ao site estadunidense.
“Então, você está dirigindo na curva, puxa a borboleta, woof, e move o torque do lado interno para o externo. Assim, você brinca com a distribuição de guinada. Isso não é possível em um carro a combustão.”, complementa. Tecnologias como essas devem colocar toda a personalização do comportamento do carro nas mãos do motorista, ampliando as formas de conduzi-lo. “Nossa filosofia para o volante é que temos duas camadas. Tudo relacionado à experiência de dirigir está no volante. Nesse caso, temos duas categorias de manipulações. Temos os mostradores que influenciam a configuração do carro”, ensina.
“E, com as borboletas, pensamos em funcionalidades que permitam alterar o comportamento em cada curva várias vezes, para que você possa realmente interagir com o carro de uma maneira diferente.”, falando sobre os paddle-shifts. Em carros elétricos, elas podem ganhar uma função maior que apenas servir para troca de marchas, que neles são inexistentes. “Se você adotar essa abordagem [de recriar a dinâmica do ICE], demonstrará que é o melhor em imitar. Você só pode ser o segundo melhor porque está sempre imitando. Essa não é a nossa abordagem. Queremos encontrar algo que seja o próximo passo, que diferencie o comportamento de direção.”, concluiu ao site.
Também ao site The Drive, foi confirmado que o elétrico da marca italiana não terá um sistema de som artificial. Segundo Mohr, o sistema não estará presente como acontece em alguns outros esportivos elétricos, que usam sons de motores a combustão. Isso porque a Lambo está “trabalhando na direção de ser o menos artificial possível. No momento, este é um dos pontos mais importantes. Ainda há um longo caminho pela frente até que a marca encontre o som perfeito. Temos algumas ideias, algumas propostas, mas ainda não decidimos qual será o carro de produção final.", disse em uma outra entrevista.
“Estamos experimentando pegar frequências que temos dos motores elétricos, amplificando algo, eliminando algo e, principalmente, correlacionando isso o mais próximo possível da condição do sistema de transmissão”, disse Mohr. "Você sente uma dissociação entre o que o carro está fazendo e o que o som sugere que o carro está fazendo", complementa. O Diretor Técnico confirmou que a marca italiana entende que motores elétricos não possuem o mesmo ruído que um motor a combustão devido a sua alta eficiência. Combinado com a alta eficiência do isolamento acústico dos carros atuais, isso dificulta ainda mais a propagação do som para aqueles que gostam.
"O que você ouve hoje em um carro de combustão também é um som projetado, digamos assim. Mas o som básico vem de algo real — 99% das vezes.", concluiu o executivo, referindo-se aos sistemas de som que ajudam a mudar o ronco do motor. O Lanzador deve ser apresentado em uma versão de produção em meados de 2028 e vai trazer dois motores elétricos, um em cada eixo. Ao revelar o crossover, a marca confirmou que ele será equipado com “mais de um megawatt” (cerca de 1.360cv) de potência, junto com uma bateria de alto desempenho e de nova geração.
Fotos: Lamborghini / divulgação





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