Retrômobilismo#22: IBAP Democrata, o nosso primeiro genuinamente brasileiro cercado de mistérios!
Fonte: Quatro Rodas |
Fonte: Quatro Rodas |
Com suspensão independente nas 4 rodas, tinha molas helicoidais com a dianteira usando braços triangulares sobrepostos e a traseira com suspensão com semi-eixos oscilantes. Os freios eram a tambor e a caixa de direção ficava atrás do eixo dianteiro. A história da IBAP é até hoje uma história confusa e com alguns mistérios que envolveram o sonho do carro brasileiro. Nelson Fernandes buscava acionistas (No total conseguiu 87 mil acionistas) para a empresa na época e tinha uma proposta de um carro desenhado e construído por brasileiros, com tecnologia para a época, desencadeou reações contrárias motivados por interesses de marcas locais na época (Entre elas, DKW, Willys, Volkswagen, Chevrolet, Ford, Simca, FNM e Toyota estavam presentes no mercado naquela época). Aconteceu assim com a Gurgel no desenvolvimento de um modelo em 1988 e com a Tucker nos EUA no fim dos anos 40. Era uma estratégia boa para uma marca que recém nascida, que provocou uma reação contrária as rivais que estavam no país. A IBAP pretendia fabricar 368 unidades por dia a partir de 1968, o mesmo que a Volkswagen (líder do mercado) fazia com seus modelos no país.
Foto: Best Cars |
O empresário ainda buscou a alternativa da concorrência pelo cartório do Registro de Títulos e Documentos, mas teria havido nova recusa, sob alegação de que "o proponente não tem capacidade financeira nem idoneidade técnica". Ainda durante a compra da FNM, a Polícia Federal e o Banco Central realizaram uma fiscalização nos escritórios da IBAP, que confiscaram futuros projetos, livros contábeis e extratos de conta bancária. No final das contas a FNM foi vendida a Alfa Romeo. Em Junho de 1965 era criada uma CPI para interrogar Nelson Fernandes e peritos em 1964. Um ano depois eram publicadas 64 páginas a respeito no Diário do Congresso, em que se dizia não haver contabilidade, livros ou balanços da empresa, o que cancelou 37 mil acionistas, restando apenas 50 mil, sem falar que Fernandes ainda tentou convencer o presidente da república (Arthur da Costa e Silva) em uma audiência sobre seu projeto, mas sem sucesso.
O Banco Central elaborou um laudo pouco tempo depois que atestava a "inexistência para a produção ou mesmo montagem de quaisquer dos componentes do veículo motorizado", a "inexistência de contratos com quaisquer das fábricas de veículos ou autopeças, quer no país, quer no exterior" e "não constar da organização da empresa a presença de técnicos em quaisquer das numerosas especialidades essenciais à fabricação de automóveis, ou à elaboração dos projetos respectivos", que levou duas ações contra a IBAP na Justiça Federal, que provocou um novo processo-crime na Justiça Estadual contra a IBAP, com alegação de "coleta irregular de poupança popular sob falsa alegação de construir uma fábrica de automóveis", que provocou Fernandes a desistir do sonho do carro nacional, onde seria considerado inocente apenas 22 anos depois. O mais provável que tenha acontecia é um boicote a IBAP de rivais já estabelecidas no país, mas sem saber qual das marcas eram. Segundo fontes, Fernandes desistiu da IBAP no fim de 1968. No total foram produzidas apenas 5 unidades do Democrata, e apenas uma circula (A unidade de cor vermelha, presente em todas as fotos deste post), localizada em Passo Fundo (RS), além de 30 carrocerias do Democrata, nenhuma delas concluídas.
Fonte: Best Cars
Comentários
Postar um comentário