Retrômobilismo#63 - Part. 01: É Gol do Brasil, é Gol da VW, é Volkswagen Gol!


Em meados de 1975, a Volkswagen do Brasil já pensava em substituir o cansado Fusca no mercado, pois já tinha mais de 20 anos sem grandes mudanças em seu visual e projeto. Seu projeto deu início em Maio de 1976, chamado internamente por "BX", ficou conhecido posteriormente por Gol BX, nome do carro e do projeto. Porém, antes de chamar Gol, a Volkswagen pensava no nome Angra, que acabou abortado pela marca, confirmando o nome Gol ao carro de maior sucesso da marca alemã no país. Lançado no dia 14 de Abril de 1980, a Volkswagen lançava o Gol, carro que seria o substituto do Fusca, tinha como inspiração a primeira geração do Golf, sucesso na Europa desde 1976, quando foi lançado. Por aqui, o Gol foi um carro que não conquistou o consumidor de início, que via com estranheza o novo carro "popular" da Volks, não fez muito sucesso graças ao fraco motor.


O motor era o 1.3 Boxer refrigerado a ar rendia 38cv (algum tempo depois passou a render 42cv e com torque de 9,2kgfm após ganhar turbina de arrefecimento), com torque de 9,1kgfm, sempre com câmbio manual de 5 velocidades. Apesar do tamanho tinha bom espaço interno e um porta-malas de 380 litros. Trazia como novidades da época, cintos retráteis e rádio AM, ambos opcionais, já que vinha "pelado" de fábrica. O consumo média ficava na média dos 15,8km/l, o que era muito bom para um carro da época, melhor ainda nos dias de hoje, porém não correspondeu as expectativas dos consumidores. Ia de 0 à 100km/h em 22 segundos com velocidade máxima de 130km/h. O motor não combinava com o Gol que era tão moderno para época, e não era adequado a suas dimensões. Em seu slogan da época, o Gol usava "o carro que reúne razão e emoção", slogan que foi mudando de acordo com o tempo. Trazia freios a disco na dianteira, uma boa evolução frente ao irmão Passat e ao Chevrolet Chevette por exemplo.





Em Fevereiro de 1981 a Volkswagen lançava o motor 1.6, refrigerado a ar que rendia 51cv de potência e torque de 10,5kgfm de força. Melhorava e muito suas respostas, pois ia de 0 à 100km/h em 15,4 segundos com velocidade máxima de 143km/h. Com motor 1.6 o Gol tinha as versões S e LS, tinha como diferenciais o estabilizador dianteiro, pneus radiais e servo-freio. Com uma família bem estruturada, a Volkswagen se mostrou confiável em tirar de linha o Brasília, em 1982. Neste ano já estavam em linha o Voyage e a Parati, faltando o último membro a ser lançado, a picape Saveiro. Neste mesmo ano a Volkswagen lançava a série especial Copa, que seguir em todos os anos que teve o mundial. Em Março de 1984 chegava ao mercado o Gol GT, para competir com o Ford Escort XR3. O motor era um 1.8 que poderia ser a gasolina ou a álcool, desenvolvia bons 99cv de potência e torque de 14,9kgfm de força. Ia de zero a cem em 9,7 segundos com velocidade máxima de 180km/h, tornando-se amado por jovens. Além do motor mais envenenado, trazia faróis de neblina de longo alcance, defletor sobre o para-choque, rodas de 14" polegadas e dupla saída do escapamento. O interior trazia bancos Recaro, console com relógio digital e instrumentos com grafia vermelha.


O sucesso começava a vir quando o Gol ganhava renovações em 1985. As versões S e LS ganhavam o novo motor 1.6 a água que rendia 81cv de potência e torque de 12,8kgfm de força, com opção a gasolina ou a álcool. A frente se unificava e se tornava a mesma já aplicada em Voyage e Parati, com faróis maiores, faróis de direção nas extremidades, que saíam dos para-choque dianteiro, que também ganhava mudanças, frente mais alta e volumosa. O estepe saía do compartimento do motor e ia para o porta-malas. O motor a ar ficava em linha nas versões de entrada do Gole na da Saveiro. Ambos os Gols ficaram em linha, como podemos observar na foto acima. Em Agosto de 1985 chegavam os motores da conhecida família AP, onde 1.6 e 1.8 ganhavam melhorias e se adequavam ao que eram vendidos na Europa. Foi muito elogiado na época. O motor 1.6 a álcool rendia 90cv e torque de 12,9kgfm, enquanto o mesmo motor a gasolina rendia 80cv e torque de 12,4kgfm. Já o 1.8 rendia 94cv e 15,3kgfm com álcool e 86cv e 14,5kgfm no movido a gasolina e o 1.8 do GT passava a ser oferecido apenas com álcool. Essa versão ganhava novos faróis de neblina, regulagem de altura do banco e o volante "quatro bolas".


Para não ficar atrás dos modelos mais atuais do mercado, como o Fiat Uno por exemplo, a Volkswagen dava o primeiro grande face-lift do Gol. Lançado em 1987, o face-lift trazia novidades como frente mais baixa, para-choques de plástico, novas lanternas traseiras mais amplas, novos faróis mais afilados, assim como a grade que seguida o design dos faróis e novos retrovisores. No mesmo ano saída de linha a versão BX, a pelada da família e o motor a ar também se despedia, entrando no lugar a versão apenas chamada de "C". Trazia bancos mais simples, cinto de segurança não-retráteis, oferecido apenas na cor branca com o motor 1.6 de câmbio manual de 4 velocidades. As versões eram renomeadas e as versões S e LS abriam espaço para as CL e GL. A versão GT se tornava GTS. O esportivo trazia faróis de neblina no para-choque, faróis de longo alcance, molduras laterais que seguiam o design dos para-choques dianteiro e traseiro, novas rodas de liga leve, aerofólio traseiro entre outras mudanças. O Gol faria o primeiro ano na liderança do mercado brasileiro, roubando o posto do Chevrolet Monza.


Em 1988 o Gol GTS trocava de painel, ganhava um mais refinado, parecido com o do Volkswagen Santana. No Salão do Automóvel do mesmo ano era mostrado um ícone da linha Volkswagen, a sigla GTI que seria lançada no ano seguinte. Em Maio de 1989 era lançada a versão GTI ao Gol, que dava adeus ao carburador e dava uma grande "oi" para a injeção eletrônica, da marca Bosch. No lugar do 1.8 entrava o 2.0 8v que rendia 112cv de potência e torque de 17,5kgfm (segundo dados da VW, era de 120cv e 18,3kgfm respectivamente em potência bruta). Fazia de 0 a 100km/h em 8,8 segundos com velocidade máxima de 185km/h, levando a loucura os jovens da época. Vendida na exclusiva cor Azul Mônaco, a versão GTI passou nos anos seguintes a ser vendidas em outras duas cores, a Branco Pérola e Vinho. Trazia para-choque dianteiro e traseiro com as molduras laterais na cor prata, além de lanternas fumês, e novo aerofólio. No interior, o encosto de cabeça vazado, volante em couro e novo revestimento dos bancos eram as novidades. A parceria com a AutoLatina rendia frutos com o motor 1.6 AE, de origem Ford, lançado no modelo 90.

Oferecia 73cv de potência e torque de 12,9kgfm de força no álcool, com consumo 10% menor. O modelo a gasolina rendia 76cv com torque de 12,6kgfm. A versão GL continuava com o motor 1.8 AP de 96cv e 15,2kgfm, todas com câmbio manual de 5 marchas. Em 1991 chegava outro face-lift do Gol, com frente mais arredondada, ganhava novos faróis mais afilados e compridos e nova grade. As versões GTS e GTI do Gol ganhavam novas rodas de liga leve, a também famosa Orbital, do conceito Orbit. Em 1992 ganhava catalisador para cumprir as novas regras de emissão de poluentes, que trouxe pequena perda de potência ao Gol. Já em Março de 1992 chegava o "Gol 1000", que vinha com motor 1.0, era uma resposta do Uno Mille. Tinha acabamento simplificado, com motor AE que rendia apenas 50cv de potência e torque de 7,3kgfm de força. Apesar de baixa potência e torque o motor surpreendia pela suavidade, chegando a altas rotações sem grande esforço.


Em 1993 voltava o motor 1.6 AP, ganhando para-choques cinza, bancos com revestimento xadrez na versão GTS e as versões mais luxuosas do Gol ganharam direção assistida, que passou a ser de série no GTI. O 1.8 ganhava carburador com controle eletrônico de marcha-lenta, tornando-se fonte de problemas nos anos seguintes. Depois de longos 14 anos vivendo apenas a base de face-lifts, a Volkswagen finalmente dava uma nova geração ao Gol em Setembro de 1994, também desenvolvido no Brasil como a primeira geração. Finalmente, o Gol "II" trocava as linhas quadradas pelas redondas, o que o hatch ganhar o apelido de "Gol Bolinha". Do antigo modelo, restava apenas a plataforma, que também tinha passado por boas mudanças, ficou 11cm nos entre-eixos, deixando o interior maior. Tinha formas suaves, que diminuíram o arrasto aerodinâmico, o Cx do carro, que caía de 0,45 para 0,34. A nova geração do Gol não fazia lembrar em nada, a primeira geração do carro. Tudo nele era novo, desde o design externo como interno, fazendo o campeão de vendas no Brasil a se tornar um outro carro.


A gama de motores era composto por 1.0 AE, 1.6 AP e 1.8 AP, que adicionavam injeção monoponto digital e sensor de oxigênio, que não resultava em muita potência. O 1.0 rendia 50cv e 7,3kgfm de força, o 1.6 os mesmos 76cv e 12,3kgfm, o 1.8 com 91cv e 14,3kgfm e o 2.0 com injeção multiponto rendia 109cv de potência e torque de 17kgfm. A versão GTS saía de linha. Em 1995 era lançada a nova geração do GTI, que vinha com motor 2.0 16v que rendia 145cv de potência, era importado da Alemanha e ficou famoso pelo "calombo" no capô do hatch. Fazia de 0 a 100km/h em 8,8 segundos com velocidade máxima de 206km/h, um dos poucos carros compactos a ultrapassar a barreira dos 200km/h na época. Tinha câmbio também importado e novas rodas de 15" polegadas como novidade. Ganhava freios a disco nas 4 rodas com ABS, algo ainda mais raro para a época. O interior vinha em couro, nas cores preto ou vermelho, incluindo bancos e volante. O cinto de segurança era vermelho nas duas opções de cores. Alguns meses depois chegava ao mercado o Gol na versão TSI que tinha visual esportivo, mas apenas o visual era invocado.


A versão TSI vinha com o motor 1.8 de 91cv, que alguns meses depois passou a ser o 2.0 8v, que rendia 109cv de potência, nada que se chegasse aos pés do GTI. Em 1996, com o fim da AutoLatina, a Volkswagen precisava substituir o motor 1.0 AE. Foi então que ela lançou o motor 1.0 AT, que rendia 54,4cv de potência e torque de 8,3kgfm de força, que seria um pouco inferior ao do Fiat Palio, que rendia 61cv de força. Na época, a Volkswagen disse que esse motor rendia 62cv de potência para o tornar superior ao do Palio. Entravam em vigor as novas normas de emissões vigentes, levaram a Volkswagen a adotar a injeção multiponto, identificada pela sigla Mi, fabricada pela Magnetti Marelli nos motores 1.6 e 1.8. A potência do 1.6 subia para 89cv de potência e torque de 13,2kgfm. Já o 1.8 passava a render 98cv e um torque de 15mgkf, sempre com motores a gasolina.


Em Setembro de 1997 era lançado o motor 1.0 16v, com duplo comando de válvulas, que fez do Gol o motor 1.0 mais potente do mercado na época: 69cv de potência e torque de 9,3kgfm. Pela primeira vez um carro nacional usava 4 válvulas por cilindro, já que a maioria dos carros da época eram 8v. Foi um grande passo na disputa pelo motor 1.0 mais potente do mercado. Tinha como opcional, o volante de 3 raios e rodas de liga leve de 14" polegadas, que davam um ar mais jovial ao Gol com esse motor. Ainda em 1997 finalmente era lançado o Gol com 4 portas, o primeiro Gol sem ser duas portas, além da Parati, que ganhava essa arma frente a rival Fiat Palio Weekend. Nesta versão ele ganhava AirBags. A versão de 4 portas era pedida pelos consumidores, desde o lançamento da segunda geração, em 1994. O atraso ficou por conta de problemas na estrutura da carroceria. No final de 1997 era lançada a versão GLS, que seria a versão topo de linha do Gol, mas que não fez muito sucesso no Brasil.


Segunda Parte em breve! Abaixo, fotos do Volkswagen Gol GTI em sua segunda geração!



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