Retrômobilismo#69: Aquele ar de novidade e superioridade nunca vistos na época. Eis o Chevrolet Monza Hatch!


A Chevrolet já sentia um pouco o peso da idade dos seus modelos de maior sucesso no mercado brasileiro no início dos anos 80, quando tinha o Chevette, lançado em 1973 e o Opala, lançado em 1968. Foi então que a Chevrolet decidiu lançar um médio, ficando entre o Chevette (compacto) e o Opala (grande). Baseada na terceira geração do Opel Ascona, lançada na Europa em 1981, que a Chevrolet lançou em Março de 1982 o Monza Hatch no Brasil, variante que não tinha sido lançada pela Opel na Europa, já que lá o modelo tinha 4 portas, enquanto a preferência nacional era de veículos com 2 portas. Chegava ao mercado em versão única de acabamento, a SL/E, com motor 1.6 que rendia 73cv quando abastecido com álcool e outro 1.6 que rendia 72cv quando era abastecido com gasolina.


Foi sucesso na certa. Qualidades para fazer sucesso ele tinha muitas: era moderno, e com poucos anos de defasagem em relação ao modelo alemão (apenas 2 anos, o que era muito pouco para a época). Além disso, pela primeira vez a Chevrolet tinha um carro com motor em posição transversal, o segundo no país, logo em seguida do Fiat 147, o pioneiro dessa posição do motor no país. Essa posição do motor diminuía a frente do Chevrolet, podendo aumentar o espaço interno. Assim, a Chevrolet tinha finalmente um carro a altura dos médios de sucesso da época, como Volkswagen Passat e Ford Corcel II, ambos lançados na década de 70. Outro destaque do Monza Hatch era sua aerodinâmica, que era um fator positivo do hatch ao trazer apenas 0,39Cx de arrasto aerodinâmico, índice bem menor aos irmãos Chevette e Opala. Além do belo visual externo, o Monza Hatch também encantava os consumidores pelo interior, com o painel côncavo e com fácil acesso aos comandos.





Por outro lado decepcionava no painel de instrumentos, onde trazia apenas velocímetro, marcadores de combustível e de temperatura, sem trazer conta-giros, diferentemente do Ascona. Para deixar isso como um mero deslize, a Chevrolet caprichava no acabamento dos bancos, que seguiam o padrão europeu de qualidade. Trazia ainda janelas traseiras basculantes, que poderiam ser abertas de vários ângulos, banco traseiro bipartido, cobertura do porta-malas com acesso ás bagagens, caixa de relês sobre o painel que trazia praticidade aos mecânicos, entre outros. Tinha algumas novidades mecânicas, como o distribuidor, acionado pela árvore do comando de válvulas, cabeçote de fluxo cruzado, tuchos hidráulicos, alavancas do tipo "dedo", que transmitia o ressalto do comando de válvulas, câmbio com lubrificação permanente, embreagem de fácil remoção, freios a disco ventilados nas rodas dianteiras entre outros. Alguns itens citados acima nem o Opel Ascona tinha, podendo dizer assim que o Monza Hatch era mais atual.


A suspensão também era moderna ao trazer o McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, utilizando molas "minibloco", tornando-se um carro avançado para o mercado brasileiro e seguro ao mesmo tempo. O único problema do Monza seria o desempenho um tanto anêmico para os 1.035kg do hatch. Com o motor 1.6, ele ia de 0 a 100km/h em apenas 16 segundos, chegando a 150km/h, auxiliado por um câmbio de apenas 4 velocidades, manual. O câmbio também foi um destaque negativo, com trocas muito longas, direção lenta e suspensão, um tanto barulhenta em pisos irregulares. Em 1983 ganhava o motor 1.8, movido a gasolina e com carburador simples, era capaz de desenvolver 86cv de potência, com torque de 14,5kgfm, trouxe um novo ar ao Monza Hatch. Agora fazia a prova de 0 a 100km/h em 14 segundos e atingia 160km/h. Em Março de 1984, já com a presença do dois-volumes, o Monza Hatch ganhava o motor 1.8 movido a álcool, que rendia 96cv. Em Agosto de 1984 surgia o câmbio automático de 3 velocidades.


Em 1985 a Chevrolet trouxe algumas novidades no visual do Monza Hatch, que recebia spoiler dianteiro com grandes tomadas de ar e um friso lateral, novos retrovisores e grade dianteira. Entrava no "pacote mudança visual" as lanternas de cor âmbar, legislação que entrava em rigor no mesmo ano, além de novas rodas para a versão SL/E. O painel ganhava novidades e finalmente o quadro de instrumentos recebeu 6 mostradores, incluindo o conta-giros, voltímetro e indicar de combustível do tipo vacuômetro. Trazia novo volante de 4 raios (ao invés de 3), bancos com encosto de cabeça dianteiro e traseiro, apoio de braço centralizado, espelho de cortesia com luz para o passageiro, entre outros. Com os esportivos em alta na época, a Chevrolet não ficou calada e lançou em Setembro de 1985, o S/R versão mais esportiva mas sem sair do orçamento da Chevrolet. Trazia entre as novidades visuais o spoiler traseiro, rodas de liga leve de 14" polegadas, faróis de neblina, pintura em preto na parte inferior da carroceria, frisos e logotipos em vermelho e preto, eram destaque, assim como o logo "1.8/S". O interior ganhava bancos Recaro, com grafia do quadro de instrumentos em vermelho e uma alavanca de câmbio 25mm mais curta.


O motor da versão S/R era o 1.8 a álcool que foi envenenado com um carburador duplo, coletor de admissão e escapamento de menor restrição. Ganhava apenas 10cv, chegando a 106cv, com torque de 15,3kgfm (um ganho de 0,5kgfm), além do câmbio manual, de 5 marchas. Apesar do motor um pouco mais envenenado, o Monza Hatch trazia um desempenho empolgante, com velocidade máxima de 180km/h e aceleração de 0 a 100km/h em 11 segundos. Em 1986 surge o motor 2.0 com 110cv de potência abastecido com álcool, com torque de 17,3kgfm de força, acoplado a um câmbio manual de 5 marchas, que se tornava padrão em toda a linha Monza. A versão S/R também ganhava o motor 2.0, mas a potência era a mesma. Em 1988 apenas a versão S/R permanecer em linha, já que a preferência do consumidor caía sobre o dois-volumes.


Mas não duraria muito tempo. No ano seguinte, em 1989 o Monza Hatch deixava o mercado abrindo um espaço ao Kadett, que não era bem o seu sucessor natural, mas acabou sendo. O que acabou matando o Monza Hatch nestes 7 anos de mercado foi a preferência do consumidor pelo "Monza Sedan", que caiu nos graças do consumidor brasileiro. Não se sabe quantas unidades do Monza Hatch foram produzidas, mas sabe-se que ele trouxe inovações ao mercado e ajudou o Monza a ser o best-seller do país entre os anos de 1984, 1985 e 1986, algo inédito no mercado brasileiro, que viria apenas carros populares a serem líderes de mercado.



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