Retrômobilismo#82: A evolução do todo-terreno brasileiro, Engesa 4 era "pau para toda obra"!


Muito na história do Brasil, os utilitários são os carros escolhidos a inaugurarem uma marca no país. Atualmente isso ocorre com Troller com o T4 e com a Agrele, como o Marruá. Com a Engesa não seria diferente. Lançado no final de 1985, o Engesa 4, com as primeiras unidades sendo emplacadas em 1986, apenas. Em seu lançamento, a Engesa dizia em tom nacionalista sobre o 4, que também apostava que o jipe seria muito usado como veículo bélico. Em seu slogan de lançamento, a Engesa dizia que  o "Engesa 4, tecnologia brasileira 100% internacional". O utilitário logo mostrou que não vinha a brincadeira ao mundo. Ele seria o "substituto" natural do Jeep Willys, que tinha dado adeus ao mercado brasileiro 3 anos antes, em 1982. O 4 poderia enfrentar qualquer caminho sem dificuldades, que fez ele ganhar diversos adeptos pelo país, principalmente para trilheiros que quem gostava de pegar lugar mais barrosos nos fins de semana.


O Engesa 4 poderia passar por trechos alagados de quase 1 metro de profundidade e até subir escadas, ele continua na ativa e é capaz de tirar da lama muito 4x4 com idade para ser seu neto. A Engesa, marca conhecida por quase todos militares por fabricar um dos ícones do mundo militar brasileiro, o Jararaca, Cascavel e o Urutu, o 4 tinha parentes de forte nome no país, que não deixavam a dever em nada em relação aos modelos internacionais, que era um veículo forte e resistente. Carinhosamente chamado de "Sapão" (apelido que foi dado graças ao formato quadrado com faróis redondos, era uma máquina que encarava bem os terrenos enlameados, repletos de pedras ou com água até a altura das portas), o Engesa 4 se tornou um dos melhores 4x4 fabricados no país. Sua variante militar, chamada de EE-12 foi desenvolvido pela própria Engesa e tinha como diferencial, protetor de faróis, além de quebra-mato, que poderia ser vendido com teto de lona, ou sem teto.


Seu motor era o 2.5 de 4 cilindros do Chevrolet Opala movido a gasolina, que desenvolvia 98cv de potência e torque de 20,1kgfm, com opção de câmbio manual de 5 marchas, sempre com tração 4x4. A sua carroceria era de aço estampado, com capota de lona e suas suspensões tinham curso extraordinário. Aliados a uma estrutura rígida, contribuíam para torná-lo capaz de transpor os maiores desafios possíveis. Como não tinha nenhum item de conforto, ele fez sucesso em seus primeiros anos de mercado. Em 1988 foi lançada a "Fase II", onde receberia melhorias (Teve grande parte de sua produção direcionada ao Exército Brasileiro, contudo outros órgãos também fizeram vasta utilização do veículo). Porém o Engesa 4 não ficaria muito tempo no mercado. Apesar de ser muito querido pelos jipeiros atualmente, a Engesa sofreu problemas financeiros no início dos anos 90 e aí encaminhamos para o fim da marca brasileira.


A falência da empresa foi decretada em Outubro de 1993. Os problemas da empresa começaram com o calote de US$200 milhões do Iraque e no fracasso de vendas dos tanques pesados Osório, onde a Engesa investiu todas as suas reservas. A principal instalação industrial da empresa em São José dos Campos foi vendida em 2001 para a Embraer. Nesse mesmo Outubro de 1993 o 4 deixou de ser fabricado, para a tristeza de boa parte dos seus consumidores, que o consideram como um dos melhores 4x4 do Brasil. Além de ser comercializado no Brasil, o 4 foi exportado para quase 30 países, mas o núcleo do mercado foi o Brasil mesmo. Ele foi exportado para países como Angola, Bolívia, Colômbia, Equador, Gabão, Guiné, Iraque, Paraguai, Suriname, Venezuela entre outros. Estima-se que 2.626 unidades foram fabricadas entre 1986 a 1993. Atualmente, o projeto encontra-se em fabricação pela Agrale, com o Marruá.


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